ARTISTA DO MÊS – SETEMBRO ’16
MorganaduLac
A MorganaduLac é uma user relativamente recente aqui no fórum, no entanto, a sua arte chama logo a atenção... Com esta entrevista ficámos a saber um pouco mais sobre ela no que toca aos seus gostos e hobbies, fontes de inspiração e início de carreira. Lê e vem conhecê-la!
1. Conta-nos alguma coisa (ou várias) sobre ti que ainda não saibamos…!
Acho que muitas pessoas não sabem que eu sou pagã, ou neopagã ou pagã eclética dependendo de como preferirem chamar-lhe.
Basicamente acredito em deuses antigos e celebro a natureza de uma forma que se aplica aos tempos modernos. Ah e também oiço demasiados “sea shanties” do que seria recomendado a uma pessoa sã.
2. Que tipo de arte preferes e porquê? Foi uma escolha natural (por teres mais jeito ou inclinação) ou uma opção consciente de investimento do teu tempo?
Eu prefiro arte tradicional. Não que não goste da arte digital, mas realmente para mim é mais natural trabalhar com tintas, manipular fisicamente os materiais e sujar tudo à minha volta, mesmo que acabe por ser mais demorado ou dê mais trabalho a digitalizar e converter.
Apesar disso uso muitas vezes métodos de pintura ou acabamentos digitais para poupar tempo.
3. Há mais alguma forma de expressão artística que faça parte da tua vida (música, pintura, escultura, ...)?
Oh, se há! Os meus tempos livres são por norma passados em outros tipo de arte ou artesanato, seja scrapbook, art journaling, crochet, costura, alteração e pintura de outros objetos como caixas e molduras, colagem, criação de bijutaria…
4. Há quanto tempo começaste a ter interesse por desenho, quer digital, quer tradicional? Houve algum momento especialmente marcante que tenha sido o “clique” que fez a diferença?
Eu gosto de desenhar desde que me lembro de ser uma pequena pirralha rodeada de bonecas. Era daquelas crianças que tinha sempre uma quantidade de folhas e lápis à mão. Apesar disso, eu nem sempre quis fazer da arte a minha carreira, tanto que fui para ciências e acabei no campo da saúde por algum tempo mas, aos dezasseis anos prometi a mim mesma que quando estivesse nos vinte ia estar a trabalhar de algum modo em ilustração ou banda-desenhada, mesmo que fosse só um hobby ou trabalho secundário. E, bem, cá estou eu… eheh!
5. Quando é que passou de um hobby a uma profissão? De que forma é que isso mudou a tua abordagem e a forma como encaras a arte que produzes?
Passou de hobby a profissão exatamente aos vinte anos quando comecei a receber alguns pedidos e quando abandonei a universidade. A partir daí foi um crescendo de auto-promoção da minha arte e de caça de trabalhos, o que me fez crescer muito como artista porque percebi que eu não podia simplesmente desenhar o que eu gostava e que havia muitas coisas que eu teria de trabalhar para poder melhorar e que iriam valorizar o meu trabalho a longo prazo. Apesar de o desenho não deixar de ser um enorme prazer, é algo que agora encaro de forma mais séria e organizada, passando a desenhar diariamente e a praticar muito mais, isto sem contar com os desenhos que já tenho de fazer para os trabalhos.
6. Qual é “aquela coisa” que ainda hoje é difícil para ti conseguir fazer?
Cadeiras. É uma vergonha, mas é a verdade. Acho que é daquelas coisas que uma pessoa embica e depois demora um tempão a conseguir entender. Eu consigo fazê-las, mas normalmente demoro bastante mais do que seria de esperar ou acabo por lhes mudar o formato para algo com menos pernas.
7. E o que é que mais gostas de fazer?
Árvores e outras plantas. Acho que é algo que vem do meu fascínio pela natureza. O facto de serem linhas orgânicas, fluídas, que de algum modo são livres de serem interpretadas ajuda bastante. Mas há algo mágico nos contorcer de um ramo e nas suas muitas folhas que o torna bastante relaxante e interessante de desenhar.
8. Há alguma coisa complexa tecnicamente que te tenha feito sentir orgulho quando finalmente a aperfeiçoaste?
Eu ainda não aperfeiçoei realmente mas sinto orgulho de já ter percebido os básicos de perspetiva. Tendo em conta que não tive aulas de desenho e que o que aprendi foi quase tudo entre mim e a internet, aprender perspetiva é bastante difícil porque temos de ser nós a perceber os truques e a aprender a ver os erros. Ainda tenho muito a melhorar, mas tenho orgulho de ter conseguido aprender o que já aprendi.
9. O que é que te serve de inspiração?
Tudo. A vida, a natureza, o pinterest, as revistas, as minhas gatas, as coisas que me acontecem diariamente, outros artistas… Acho que em tudo o que nos rodeia e o que vivemos há um potencial artístico bastante grande.
10. De que forma é que o desenho e o anime/ manga se cruzam na tua vida? Tentas seguir um estilo “típico” oriental ou criar o teu próprio estilo? Manténs uniformidade nas tuas criações ou segues o que te apetece fazer no momento?
O anime cruzou-se primeiro comigo que o manga. Como muita gente da minha faixa etária eu cresci a ver Sailor Moon, Dragon Ball, Sakura Card Captor, etc. A manga só se cruzou mais tarde e foi com o Naruto. Foi com o descobrir do estilo de desenho dos mangas que eu quis começar a desenhar “a sério”, por isso é um estilo que me influencia bastante. Por outro lado, também tenho influências bastante marcadas de estilos mais ligados à cultura do terror, do gótico, e artistas clássicos e ilustrações da época da Regência e da época Vitoriana são também pontos de referência para mim. Apesar de andar sempre um pouco entre um estilo e outro e apesar de desenhar o que a minha cabeça quer naquele momento, acho que há sempre uma “base oriental” muito forte nas minhas criações.
11. Achas que fazer algo a pedido de terceiros condiciona muito o processo criativo ou é apenas mais um desafio?
Condiciona sempre um bocado, mas é sempre um desafio. As pessoas têm sempre algumas expectativas e já têm referências que dão para que nos guiemos, apesar de haver quem nos dê carta branca para fazermos tudo como quisermos. Mas é sempre um desafio porque há que agradar o cliente, queremos superar-nos e ao mesmo tempo queremos ficar contentes com o que criamos (o que nem sempre acontece).
12. Tens algum conselho para dar a artistas que estejam a começar?
Desenhem tudo! Tudo! Não se condicionem nem digam que não conseguem desenhar x ou y. Pode custar na primeira vez, na segunda, na vigésima quinta, mas há-de chegar a altura em que o esforço vai valer a pena.
13. Aceitas comissões? Queres deixar alguma informação sobre isso?
Aceito sim. Quem quiser entrar em contacto comigo sobre alguma comissão pode fazê-lo através no meu facebook de artista ou enviar-me um e-mail para
[email protected].
14. Agora, a pergunta mais importante de todas: o que dizem os teus olhos?
Os meus olhos dizem que eu ainda tenho muito que crescer e trabalhar mas que eu nunca vou desistir dos meus sonhos.
Para mais informações e para poderem ver mais do trabalho da MoganaDuLac podem consultar o seu deviantart, o tumblr, o facebook e a página de fanart no fórum. Podem também consultar o arquivo do projecto “Abigail, the maid”.
Até à próxima!