Escrito 17 de Maio, 2007 Uma música cheia de torneados e efémeros histerismos, o folhear obcecado, o olhar incessante e a mente paranóica, o caminhar esperançoso e pausado, sentir uma árvore com as suas mãos calejadas, sentir o respirar do mundo a atravessar a sua alma. Toda a emoção que, através de algo que não música, sentia não saber recriar. Já fora artista plástico, poeta, pensador compulsivo, nada. Na solidão que as suas criações o tornaram a pouca inspiração que lhe restava extrair do seu corpo sentia-se morbidamente infeliz. O amanhecer era uma missa sobre a culpa, o fim do dia era uma conversa com o lado negro do espírito; e à noite, à noite era a existência na sua mente, a inconsequência física do seu método, o movimento desconcertado, a voz inaudível. E passaram-se dias deste modo. Foi então que impulsivamente comprou um piano. Passaram-se desde então 3 anos até à sua morte, e esta é a história do que se passou então. Partilhar esta mensagem Link para a mensagem Partilhar nas redes sociais
Escrito: 17 de Maio, 2007 gostei! Gostei da introdução, a história promete. o tema para mim é apelativo, e assim vejo cm vais expressar o tal sentimento..=) fico a espera da continuação. ps: aconselho a ler ao som de Chopin, calhou de ler assim e combinou mto bem =P Partilhar esta mensagem Link para a mensagem Partilhar nas redes sociais
Escrito: 17 de Maio, 2007 Já sabes o que eu penso; adorei. O fluir das palavras é belíssimo. Adoro como cada palavra tem uma imagem. O desenrolar descritivo, mas não demasiadamente físico, consegue construir uma imagem com uma facilidade assustadora. Partilhar esta mensagem Link para a mensagem Partilhar nas redes sociais
Escrito: 18 de Maio, 2007 Alpha Os primeiros sons saíam desritmados e eufóricos, tropeçavam continuamente no mesmo entulho de folhas, levantavam-se numa confusa berraria sem tempo para se manifestar. A corrida reiniciava em busca da compreensão, esperançosos no início, serenos no final, sabiam ter todo o tempo do mundo, não havia necessidade de apressar o ritmo. Mais sádico agora, pesado e sonoro como um bocejo, sentia este peso a aumentar, mais pesado, mais, mais... Um emaranhado de vida surgiu descontroladamente, deixou-se assustar. Descobrira o segredo do instrumento, ele seria objecto, dedicação, esforço, amor, história, tela, seria o sentimento que lhe impuséssemos, o mais puro, o mais distorcido, seria assassínio, dor, morte, felicidade incontável, amor, puro amor de primavera, seria uma descrição complexa e minuciosa de sentimentos sem designação. Que me falta a mim ? Na sua sala preenchida de telas honestamente pinceladas, livros sobre o ridículo do mundano, estátuas de gente que vira passar, pequenos apontamentos escrevinhados em guardanapos de café, flores secas pelo próprio tempo, fotografias de uma vida; que lhe faltava a ele ? Artista sem valor, próximo da morte. Um artista... “Alguém que não tem uma vida mais difícil que o banal humano mas sim alguém que a sente mais refinadamente.” Alguém que na sua elegante femininidade se dirigisse a ele e o confortasse com palavras que só alguém assim saberia cantar. Uma mulher que o fizesse sentir despertado e apaixonado, a sua derradeira paixão, o seu final sopro de vida, após tantos anos de isolação tornara-se débil e paranóico. Era assim que ele escolhera acabar, amar, sentir a adrenalina a correr pelo sangue, o bater do coração ao ritmo de pássaro, o cheiro agridoce do ciúme, o tempo a passar como água de uma cascata, toda a emoção que a velhice lhe havia retirado do corpo só mais uma única vez. Partilhar esta mensagem Link para a mensagem Partilhar nas redes sociais
Escrito: 18 de Maio, 2007 Aah, as duas já tão muito amigas, que bonito. <3 Eu bem disse logo Ness, tu e a Ran foram feitas uma pra outra!! X33 Partilhar esta mensagem Link para a mensagem Partilhar nas redes sociais
Escrito: 18 de Maio, 2007 Estás realmente inspirada começamos a saber mais da personagem. Está um pouco pesado, mas isso também tem a ver com o meu gosto, gosto de textos mais simples. Mas por outro lado tem escrito em partes pequenas, o que ajuda a uma melhor compreensão, pois dessa forma não escapa a concentração. o mesmo do costume: continua! fico a espera da próxima parte =P @Maje: eu, e provavelmente toda a gente, agradecia que não enchesses de chouriços este (e os outros tópicos desta área). se quiseres fazer a tua tão conhecida (bah) flame usa um meio privado. o mesmo se aplica ao caso de me quereres responder. agradeço antecipadamente Partilhar esta mensagem Link para a mensagem Partilhar nas redes sociais
Escrito: 28 de Maio, 2007 Aw, sim ;__; Tens noção da quantidade de recursos expressivos utilizaste?! Quite good ^^ Dás destaque à sinestesia, personificação, sem esquecer a narração que apesar de abstracta, é compreensível e clara. Um conjunto de sensações, cada um em sua palavra. I did like it! Partilhar esta mensagem Link para a mensagem Partilhar nas redes sociais