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Amor de Verão

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Amor de Verão

por Luís Bernardino ( Keroberus )

O sol das manhãs de verão dava vida a mais um céu sem nuvens. O laranja do amanhecer reflectia-se nos seus óculos, espelhando-os. E ela suspirava. Os dois sois lembrava-lhe Jahan e os seus olhos dourados. Uma súbita corrente de ar beijou-lhe o pescoço, arrepiando a sua macia pele sob a camisa de dormir. Fechou a janela rapidamente, um pouco triste por ter de observar o nascer de mais um dia atrás do vidro, um pouco como a bela flor de estufa que nunca saboreando a vida, protegida do agridoce de uma vida normal. Lentamente o rio tornou-se prata e as ruas da cidade encheram-se do barulho habitual, deslizando o alegre canto dos pássaros para um plano etéreo perante a atarefada sinfonia urbana.

Por momentos admirou-se ao espelho enquanto vestia o biquini, deleitando-se na beleza e frescura matinal dos seus 16 anos. No seus espelho de corpo inteiro estava reflectido o seu quarto e ela. Alta, esbelta. Os seus olhos eram de um doce rubi e os cabelos de um negro igual ao mais tribal ébano. A pele era de um bronzeado brilhante, saudável - de fazer inveja aos maiores adeptos de Copacabana - e das têmporas nasciam dois pequenos cornos de marfim adornados com ouro e pequenas pedras preciosas.

O chamamento da sua mãe no piso inferior despertou-a de um sonho acordada. Rapidamente deslizou o seu vestido de seda branca pelo seu corpo abaixo e colocou os seus óculos favoritos, os de lentes azul-mar. Desceu as escadas saltitando de dois em dois degraus até á rústica cozinha. Ela adorava aquela cozinha, com os seus moveis de madeira esculpida á mão e o vitral que filtrava a luz do sol, lançando luzes dançantes que mudavam ao longo do dia até que o luar lançava uma nova dança.

Foi uma refeição leve mas nutritiva. Cheia de graça, lançou a pequena mala de fio entrançado sobre o ombro nu e saiu para a rua, caminhando sem pressas para a praia sob o morno sol da manhã.

As ruas estavam atarefadas, com pessoas para cá e para lá, quer a pé, de bicicleta, patins ou skate. Ela perdeu-se outra vez no fresco embalar da brisa nascida do mar ali tão perto, deixando os movimentos fluir por si. Foi preciso alguém pronunciar o seu nome para que despertasse. “Icaín!” a voz gritou. Ela virou-se e viu os dois olhos dourados a sorrirem para ela e sorriu também. O seu corpo encheu-se de fresca adrenalina ao ver por quem o seu coração batia. Sorrir era inevitável. E no entanto roía-se-lhe ao ver-se incapaz de confessar o seu amor. Ao ver-se incapaz de expressar o seu amor por Jahan, aquela delicada ninfa de cabelos loiros e de tez clara e brilhante como cetim. Por vezes perdia-se na imensidão dos seus olhos dourados, tão parecidos como o mais claro do mel que por vezes perguntava-se se seriam doces. O seu coração contorcia-se de paixão, ao tê-la ali tão perto, e ao mesmo tempo tão distante. Se os lábios de Jahan fossem veneno, Icaín morreria de bom grado.

Jahan era ligeiramente mais baixa que Icaín. A sua pele era muito clara, por isso não dispensava uma ida à praia. Mais do que clara, a sua pele era suave como seda e sempre fresca. Os seus lábios eram, a seguir ás suas longas e cristalinas asas, o que Icaín mais admirava em Jahan. Eram negros como o abismo e atraentes como o pecado.

“Icaín!” soou novamente a voz de Jahan, tão delicada como o seu jovem corpo de 15 anos. Delicado, mas esbelto e ágil. “Ainda bem que te encontro. Não gosto nada de ir à praia sozinha.” A sua voz soou ansiosa e aliviada. Icaín sorriu, contente por Jahan apreciar a sua companhia.

Ícain pegou no pára-sol que Jahan carregava com certo esforço e lançou-o sobre o seu outro ombro. Jahan sorriu aliviada enquanto massajava os pulsos. “Obrigado Icaín, és um amor.” Um pequeno arrepio subiu-lhe pela espinha acima enquanto evitava mostrar quanto a frase valia para ela. Como iria Jahan reagir se alguma vez lhe dissesse que a amava. Um amor que nascia como um rio interminável do fundo da sua alma. Que sem ela não era nada senão uma casca morta, destituída de tudo o que considerava querido.

Pelo caminho partilharam silenciosamente um discman, murmurando levemente a musica que embalava o seu passo. A estrada seguia o rio e a certa altura a foz era visível e assim também a praia. Jahan estava radiante e ao vê-la assim, Icaín tomou uma decisão: teria a de lhe dizer o que sentia, fosse qual fosse o custo.

Chegaram á praia após meia hora de caminhada. Icaín sentia o seu ombro latejar de carregar com o pára-sol todo o caminho, mas não se queixou. Sorriu e massajou-o com o creme bronzeador, tentando atenuar a dor.

“Icaín, espalha-me o creme nas costas, se fazes favor.” Era pura tortura, tinha de ser! Aquela ninfa torturava-a. O seu maior desejo era abraçar Jahan bem perto e beijar o seu pescoço, face... mas teve de se controlar e, metodicamente, ajudar Jahan com o seu bronze. Pessoalmente adorava a pele cândida e sedosa de Jahan, mas se ela a queria mudar, não era isso que ia fazer com que ela gostasse menos da pequena Ninfa.

A sua mão deslizou pelas costas de Jahan... dois palmos era mais do que suficiente para cobrir a largura de ombros da pequena beldade. Espalhou o creme em finas camadas para que a pele a absorve-se rapidamente. Mas o tempo podia ser tão curto... quanto tempo mais poderia ela estar com Jahan? Não se podia dar ao luxo de desperdiçar mais tempo. Então abraçou-a pela cintura, sentido o estômago da pequena saltar com surpresa sob o seu toque. “Jahan.....” Icaín segredou aos ouvidos de Jahan. “...eu... eu amo-te Jahan... sempre te amei e sempre te amarei. Não fujas, não me deixes. Eu sou nada sem ti. Tu és a minha génese e némese. Por favor... não me deixes.....” uma lágrima cristalina rolou pela face de Icaín abaixo enquanto Jahan colocava a sua mão direita sob as mãos de Icaín. “Icaín....” foram as ultimas palavras de Jahan antes de ela juntar os seus lábios negros aos lábios rubi da sua amada, deixando fluir o doce veneno dos seus lábios proibidos para Icaín. As línguas dançavam enquanto a vida de Icaín se esvaia do seu jovem corpo. Ela sabia que beijar Jahan era a morte, mas ela não se importava.

Tornava-se difícil respirar, ainda mais com o interminável e fatal beijo que Jahan lhe oferecia com todo o seu agridoce amor. Já não via, apenas sentia o afecto que transpirava no ar. Lentamente perdeu as forças e no fim era Jahan que segurava Icaín no seu colo, beijando-a ainda, esperando pelo inevitável fim. Morrer para amar, haveria maior prova de dedicação. Jahan quebrou o beijo quando se apercebeu que Icaín a amava agora do Céu. Mas invés de chorar, sorriu, deslizando a mão pela sua barriga, pois carregava agora o legado de Icaín no seu jovem ventre.

FIM

______________________________________________________________

Inspirado pela canção “Another Grey Day in The Big Blue World” de Maaya Sakamoto

Este trabalho é uma fanfic original... portanto não é bem uma fanfic per se.

Espero que gostem, sintam-se à vontade de postar comentários.

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Bem, eu ja li isto e ja te disse, ta muito boa e escolhes bem as palavras, congrtas bro ;) posta a outra

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Está muito bom, gosto da tua maneira de escrever, os promenores, parabens.

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ok estou O.O muito linda mesmo ainda por cima conta a historia de ninfas... mas so tem um defeito tipo as vezes nao se sabe a qual personagem se esta bem a referir...

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Yeah, está muito bom. Tens jeito pra coisa. Podias aprofundar um pouco mais as emoções mas mesmo assim está exelente. Parabens...

Weee ficam separadas no fim. Apesar que curtia mais que ela no fim após um breve momento de felicidade tivesse ficado deprimida por ter sido um simples e único breve momento e de que a Icaín não ía estar ali com ela no amanha. Mas isto já são gostos...

Mais uma vez parabens.

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Enfim, cada um tem a sua defininição de "final feliz" :D

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tá muito giro^^

eu adoro exa musica^^

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god :cry: que coisa tão bonita e comovente

parabéns ^-~

está demais! as descrições que fazes e os recursos estílisticos que usas dão um toque especial ao texto!

quando olhei para ele pensei "xi! que grande! vou só ler um bocadinho para depois ir dormir" mas depois de ler o primeiro parágrafo fiquei anestesiada pelo texto *-*

eu não gosto muito de mostrar os meus textos...são poucos os que os vêem...são muito pessoais :roll: mas ainda bem que há quem o faça porque assim posso ler coisas lindas como estas ^___^

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god :cry: que coisa tão bonita e comovente

parabéns ^-~

está demais! as descrições que fazes e os recursos estílisticos que usas dão um toque especial ao texto!

quando olhei para ele pensei "xi! que grande! vou só ler um bocadinho para depois ir dormir" mas depois de ler o primeiro parágrafo fiquei anestesiada pelo texto *-*

eu não gosto muito de mostrar os meus textos...são poucos os que os vêem...são muito pessoais :roll: mas ainda bem que há quem o faça porque assim posso ler coisas lindas como estas ^___^

i.i fiquei comovido ^_^ Muito obrigada :)

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