Por
SeventyFive
ARTISTA DO MÊS – MAIO ’16
MOTCH
O Motch faz parte dos membros mais antigos fórum, tendo pertencido à equipa de moderação e estando agora a usufruir de uma reforma antecipada num resort algures numa galáxia não muito distante.
A sua jornada artística começou há mais de oito anos e pela persistência e dedicação que demonstra não deixa dúvidas de que continuará. Dedicando-se principalmente ao desenho e manipulação digital, o Photoshop é a ferramenta que mais utiliza.
Apesar dos seus pontos fortes serem as piadas secas e as conversas profundas, tirando a última resposta, não vais encontrar nada disso aqui, por isso dá uma leitura à entrevista e vai ver as páginas dele!
1. Conta-nos alguma coisa sobre ti que ainda não saibamos…!
Sou bastante inseguro quando estou a fazer alguma coisa, como trabalhos e, portanto, peço bastantes opiniões a várias pessoas.
2. Que tipo de arte preferes e porquê? Foi uma escolha natural (por teres mais jeito ou inclinação) ou uma opção consciente de investimento do teu tempo?
Tenho preferência pela arte digital, mais especificamente manipulação de imagens e junção de vários elementos e técnicas digitais, a razão para o fazer é transportar as minhas ideias ou até sonhos que vou tendo para algo que seja realista em termos de trabalho e também a satisfação de, por vezes, transformar uma paisagem, um espaço ou até mesmo um objecto em algo nunca antes visto sem ter a necessidade de o fazer na realidade. Não posso terminar sem dizer que a minha ferramenta de eleição é o Photoshop e a nossa relação já dura há uns bons anos!
3. Há quanto tempo começaste a ter interesse por design gráfico e desenho digital? Houve algum momento especialmente marcante que tenha sido o “clique” que fez a diferença?
Bom, tudo começou com uma parvoíce do secundário... Gostava de aprender a fazer montagens de fotos para o Fotolog. Sim, montagens de fotos para o Fotolog!!
Era na verdade algo simples de se fazer, juntavas 4 fotos todas juntinhas e pronto! Mas não, não fiquei por algo que é tão simples de fazer com um programa com tanto potencial e continuei a evoluir ao ver tutoriais e a experimentar sempre tudo. Na verdade, isto já foi há uns anos para trás, podemos dizer 8 anos muito provavelmente!
Apesar de parecer que esse foi o tal clique, não o posso afirmar, pois durante este longo processo já estive com os meus altos e baixo, experimentei desde assinaturas (signatures), que era o que mais estava na moda na altura, até às pinturas, passando por emoticons (animações pequenas e emotivas em pixéis), manipulações, tratamento fotográfico, etc. Com os anos passados, podemos dizer 8, já praticamente tive a oportunidade de experimentar tudo e sempre que via algo novo que me interessasse, então era mais uma motivação para aprender novas coisas.
4. De que forma é que a arte influencia a tua vida? Tencionas mantê-la sempre como um hobby ou investir profissionalmente na área?
A arte é uma forma de poder escapar ou até mesmo apagar todas as preocupações que possa ter, portanto nesse aspecto já influenciou bastante a forma como sou, tenho igualmente formação (não superior) em design gráfico, mas honestamente estou a ponderar seriamente em tornar isto num hobby, porque no meu caso está a tornar-se difícil investir profissionalmente no que realmente gostaria de fazer. Não é algo que me entristeça, antes pelo contrário, tenho sempre a liberdade de ligar o PC e fazer qualquer coisa, mas ter a oportunidade de fazer disto uma vida profissional é sempre algo agradável de pensar e sonhar claro.
5. Qual é “aquela coisa” que ainda hoje é difícil para ti conseguir fazer?
Anatomia e perspectivas. Eu dou-me esbarrado com imagens mentais de formas, poses, estilos, mas sempre que tento rabiscar essa imagem, mais parece que peguei numa foto e amachuquei-a toda ou simplesmente não tem o impacto como imaginei!
É algo que por vezes impõe limites ou até mesmo apagar o ficheiro e começar algo de novo, não porque seja difícil, mas sim porque já não é a ideia que gostaria que fosse.
Muitas vezes, no entanto, a anatomia consegue ter também um grande impacto no que quero fazer e acabo por facilmente baixar os braços após longos minutos em frente ao monitor.
Já as perspectivas são algo que se algo não estiver proporcional ou com os ângulos correctos numa manipulação podem estragar ou tornar o trabalho mais lento.
Em último caso, tira impacto ao que se quer transmitir e isso não é agradável quando se está com vontade de fazer aquela ideia!
6. E o que é que mais gostas de fazer?
Manipulações. Tudo que envolva manipular uma imagem, fotografia ou simplesmente juntar vários objectos, é algo que me deixa sempre contente! Pode até ser uma simples alteração, por vezes o mais simples é o que dá mais obstáculos! Não só junção de fotos como também criação de novas paisagens ou até mesmo algo que não seja possível de existir na vida real! O poder da manipulação de imagens é extraordinário e tal como se diz, uma imagem vale mil palavras!
Das manipulações vêm outras possibilidades de trabalhos e um dos que mais gosto de fazer é Space Art ou Arte Espacial, em outras palavras, tudo o que poderei pensar que o universo possa ter!
7. Há alguma coisa complexa tecnicamente que te tenha feito sentir orgulho quando finalmente a aperfeiçoaste?
Não posso dizer que seja só uma. No geral de tudo o que faço, desenvolvo e termino é sempre motivo de orgulho! Não é um orgulho se está bom ou mau o trabalho, mas sim de o terminar e superar sempre o que antes não conseguia sequer começar, sobretudo se o resultado final é o que eu pretendia! No entanto, tenho especial orgulho quando dou o meu esforço máximo em pinturas ou se é um trabalho a pedido de outra pessoa, em especial se o resultado final é do agrado da mesma ou supere as expectativas iniciais que tinha.
8. O que é que te serve de inspiração?
Tudo. Literalmente tudo! Pode ser um sonho, uma imagem que vi e gostei ou até mesmo uma pedra no chão! A minha fonte de inspiração é sempre guiada pelo que vou pensando, imaginando ou inventado, desde o mais absurdo e estupido até ao mais sério e complexo!
Gosto de elaborar e pensar bem como dar cor, forma e textura ao que no início é uma página em branco! Por vezes até as noticias podem ser uma fonte de inspiração ou até uma simples birra de uma criança que quer um brinquedo!
É giro ver o dia-a-dia e inventar sempre histórias para cada situação que vejo, isto ajuda bastante o processo criativo pois abre a mente para novas ideias e visões, quer sejam idiotas ou simplesmente normais.
9. De que forma é que o desenho e o anime/ manga se cruzam na tua vida? Tentas seguir um estilo “típico” oriental ou criar o teu próprio estilo? Manténs uniformidade nas tuas criações ou segues o que te apetece fazer no momento?
Na verdade, sempre fui muito chegado ao estilo oriental de anime/manga, em especial quando comprei um livro guia de manga bué foleiro para tentar melhorar o meu desenho.
Sim, também gosto de desenhar e apesar de gostar imenso do estilo animush, gosto mais de desenhar objectos, tirar partido do preto e branco e acabo por criar algo a virar para o realismo. A nível de trabalhos, o anime influência certas ideias que tenho e são sempre uma forte fonte de inspiração quer queira quer não. No geral eu tento ter o meu próprio estilo, quer no desenho quer nos meus trabalhos, mas confesso que gostava de criar algo que fosse genuinamente anime/manga pois é algo que sempre admirei e gostei de ver!
10. Achas que fazer algo a pedido de terceiros condiciona muito o processo criativo ou é apenas mais um desafio?
Tudo depende do que a pessoa pedir, se for exigente em certos detalhes então pode limitar as ideias que se vai tendo. Apesar disto tudo, não creio que seja algo que dificulte o processo criativo e o desenvolvimento do mesmo, por vezes limitar certos elementos é até uma ajuda dependendo do tema e pode acelerar o desenvolvimento do projecto.
Para mim o que poderá até ser mais importante quando haja pedidos nem é o tema ou limitação de certos detalhes, algo que me deixa com mais atenção é as ideias que a outra pessoa poderá já ter tido! Portanto, a conclusão é que: sim, existem desafios, mas pedidos serão sempre um trabalho de equipa e quando isso existe, o resultado final será sempre do agrado da outra pessoa, como do meu também, pois junta-se ideias em algo palpável e com qualidade assegurada da minha parte.
No entanto, não posso confirmar que isto é sempre um mar-de-rosas, já estive em situações que as ideias que a outra pessoa tinha não combinavam ou simplesmente não funcionavam, e tive que as fazer na mesma, ou em que os temas eram difíceis de elaborar. Digamos que a pessoa pede um quadrado, mas na realidade quer é um triângulo e quando isto acontece o processo pode ser doloroso... Vai consumir a mente e acordas a pensar, adormeces a pensar e quando não sai nada é quando tudo parece o fim do mundo. O mais importante nestes casos é manter a calma e falar com quem pediu o trabalho, explicar a situação e falar sobre possíveis outras ideias que possa ter tido. A inspiração e criatividade não é ilimitada, por vezes há que falar com outras pessoas ou estimular ideias ao perguntar ou pesquisar sobre esse mesmo assunto.
11. Tens algum conselho para dar a artistas que estejam a começar?
Sim! Nunca, nunca, nunca deixem cair os braços! O trabalho que acabaram de fazer poderá ser o mais feio de todos mas o que importa é o que aprenderam com isso! A prática faz a perfeição e procurem sempre pedir opiniões, não fiquem satisfeitos com o "está bonito!", perguntem sempre o que mais gostaram, se as cores estão bem, se haveria algo que gostariam de mudar, etc.
Vão também sempre apanhar as pessoas que não gostam do que fazem e vão dizer que está horrível e nojento, mas não se assustem! Perguntem a essa pessoa como podem melhorar, o que acha que está tão mal e o porquê, o importante é não descer ao nível da pessoa e saber respeitar a crítica, mesmo que esta seja não construtiva.
Se estiveres a começar com artes digitais então tens que saber que a internet é uma grande fonte de inspiração, tutoriais, guias, recursos, enfim... tudo! Sempre que tenhas dúvidas, queiras saber como se faz, imagens para usar e isso, pesquisa! Sê autossuficiente!
Sobretudo e isto é importante, diverte-te com o que fazes! Apesar de certos trabalhos poderem ser uma dor de cabeça e chatos como tudo, se gostas do que fazes ganhas mais motivação, paciência e capacidade para superar certos obstáculos!
Fazer pausas é também importante caso não estejas com motivação, nesse caso procura imagens, vê vídeos ou até joga alguma coisa e volta para tentar fazeres o que tinhas em mente.
12. Aceitas comissões? Queres deixar alguma informação sobre isso?
Aceitarei comissões dependendo do que pedirem obviamente, não gosto de aceitar trabalhos quando sei que as minhas capacidades são limitadas, nesse aspecto sou sincero comigo mesmo. Caso realmente estejam interessados em fazer um pedido, podem sempre visitar a minha página de deviantart ou, para uma resposta mais rápida, a minha página no facebook!
Os preços vão depender do que realmente pedirem, pois, cada trabalho demora o seu tempo, por isso prefiro falar em privado.
13. Agora, a pergunta mais importante de todas: o que dizem os teus olhos?
Eu perguntei-lhes, mas eles não responderam, não sei se estão tímidos ou se simplesmente não querem falar! Eles vêm mais do que querem, tudo o que seja para imaginar, eles olham, focam e dizem EPAH OLHA QUE GRANDE IDEIA! Quando dou por ela estou a olhar para um prédio em forma de costelas quando na verdade não é perto disso sequer!*
Se gostaste desta entrevista e tens curiosidade em conhecer melhor a arte do Motch, podes consultar as suas páginas do facebook, deviantart e fórum.
(*Uma fotografia do edifício mencionado será disponibilizada assim que possível.)
Mais uma vez, obrigada pela leitura! E bom mês de Junho!
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